quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

"Max, Denise, venham ao Rei Pelé"

Outro belo texto publicado pelo meu amigo e jornalista Alberto Oliveira, em seu blog "Antenado", acerca das torcidas organizadas nos estádios.
Vale a pena também dar uma conferida.

Por Alberto Oliveira


Definitivamente o Ministério Público Estadual, através da Procuradoria de Defesa do Consumidor, entrou de cabeça no futebol alagoano. Medidas visando conter a selvageria das torcidas organizadas e o cumprimento do estatuto do torcedor estão sendo tomadas. Algumas delas, para mim, soam como absurdas. Acho absurdo que as pessoas, sejam elas os marginais ou as pessoas de bem que fazem parte das torcidas organizadas, estejam “marcadas” com um CPF na camisa. Remete aos tempos dos campos de concentração no auge do nazismo. Outra medida extremamente absurda é determinar que crianças paguem ingresso nos estádios. A medida fere mortalmente a construção de potenciais torcedores futuros, que se entusiasmam desde cedo pelos times locais. Em virtude disso, vou ser atrevido ao convidar os procuradores Max Martins e Denise Guimarães a comparecem ao Estádio Rei Pelé. Isto mesmo: apesar do envolvimento com o futebol, não os vejo nos estádios.
O convite é para que, ao se aproximarem do objeto em discussão, talvez algumas convicções que são passadas por interesses diversos ganhem uma nova conotação. Estranho que o Conselho Tutelar demonstre preocupação com menores desacompanhados nos estádios. Se os procuradores estiverem no estádio vão poder observar outras situações de maior gravidade e que não têm a “preocupação” por parte dos conselheiros.
Após cada jogo, quando as luzes são apagadas, um exército de crianças invade todas as dependências do estádio em busca de restos de comida. O fato de justificar que crianças ocupam lugares e que fica difícil de identificar a capacidade dos estádios soa como uma tremenda piada. Se os procuradores forem aos estádios vão observar que a medida tem relação direta com o jogo do Flamengo que se aproxima e o que está sendo discutido não é capacidade do estádio e sim o dinheiro que a capacidade pode levantar.
Insisto no convite para que os procuradores visitem nossos estádios para ver de perto excessos por parte do policiamento, que, em muitos casos, não distingue pessoas de bem de marginais; pais acompanhados com seus filhos de pessoas violentas; não distingue que uma bandeira, sem mastro, enrolada nas costas de uma torcedora como um manto, não pode ser colocada no mesmo patamar de uma arma que trás risco à segurança das pessoas. Por fim, a presença nos campos mostrará aos procuradores que muitas informações levadas ao MP têm um monte de interesses por trás de tudo isso e que no calor do estádio, Max e Denise poderão tirar suas próprias conclusões do que funciona, do que soa como excesso e do que apenas atende a interesses diversos.
Max, Denise, venham ao Rei Pelé, vai ser bom para vocês, será uma luz para novas decisões que, em muitos casos, soam apenas como medidas ineficazes e mirabolantes que em vez de proteger o torcedor, apenas os afastam cada dia mais das nossas praças esportivas.

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